||| A verba prometida para 2019 paga salários de professores e servidores da ativa e aposentados, mas não cobre integralmente as despesas com água, energia elétrica, limpeza e segurança. Edward Madureira calcula que o orçamento reduzido garante o custeio dessas contas só até agosto
MARCOS VIEIRA
O corte de 30% no orçamento deste ano das universidades públicas, anunciado pelo Ministério da Educação, foi classificado pelo reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, como uma “situação estarrecedora”.
“[Isso porque] já viemos de anos sucessivos de praticamente um congelamento do nosso orçamento. Desde 2014 o orçamento da universidade está estagnado”, justificou o reitor, em entrevista nesta semana ao Bom Dia Goiás, da TV Anhanguera.
A Universidade Federal de Goiás (UFG) tem hoje 150 cursos e 28 mil estudantes. Apesar de não ter tido seu repasse anual corrigido nos últimos anos, a instituição que tem 57 anos e é responsável pela construção da história do ensino superior no estado, vem conseguindo crescer.
No ano passado, por exemplo, foram criados dez novos cursos de mestrado e doutorado. Mas agora, com esse corte anunciado pelo governo de Jair Bolsonaro, a situação fica crítica. “São cerca de R$ 30 milhões a menos”, explicou o reitor.
A verba prometida para 2019 paga salários de professores e servidores da ativa e aposentados. Mas não cobre integralmente as despesas com água, energia elétrica, limpeza e segurança. Edward Madureira calcula que o orçamento reduzido garante o custeio dessas contas só até agosto.
O reitor disse na entrevista dada à televisão que o financiamento de pesquisas não vem desse orçamento limitado, mas sim de editais disputados por todas as universidades, de órgãos especializados do poder público e também da iniciativa privada.
Mas sem energia elétrica, por exemplo, como manter em funcionamento uma pesquisa de nanotecnologia?
O reitor falou em racionalizar gastos, mas até para isso é preciso investimentos. Duas possibilidades: implantar energia solar para economizar na conta de energia ou instalar câmeras de videomonitoramento pode reduzir o número de seguranças.
O corte na verba já insuficiente só atrasa ainda mais os planos para a educação brasileira. Há perdas em pesquisas e cursos de pós-graduação, sem falar na impossibilidade de se ampliar a graduação.
Edward Madureira informou que o Plano Nacional de Educação previa que em 2024, ao menos 1/3 dos jovens brasileiros estivessem nas universidades. Hoje esse índice é de 17% e o cenário atual não favorece para um crescimento.
O vice-presidente Hamilton Mourão disse neste sábado (4.mai) que a redução de 30% no orçamento das universidades federais “não é um corte”, mas sim um “contingenciamento”.
Mourão repetiu o que disse o MEC em comunicado: que a decisão “pode ser suspensa” se for aprovada a reforma da Previdência ou se a economia der sinais de retomada. Ele já havia afirmado que o corte é uma questão técnica, não ideológica.
Inicialmente o ministro da Educação, Abraham Weintraub, havia anunciado o corte de 30% somente para a Universidade Federal de Brasília (UnB), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal da Bahia (UFBA), porque, segundo ele, as instituições estavam promovendo “balbúrdia”.
“Sem-terra e gente pelada dentro do campus” foram exemplos citados do que o ministro considera como bagunça.
Rankings mostram que as universidades citadas melhoraram seu desempenho acadêmico nos últimos anos.
Ao perceber que o corte seletivo se tratava de falta de isonomia, algo vetado pela lei, o ministro determinou que todas as universidades perdessem recursos.

Reitor Edward Madureira diz que corte implica que custeio da UFG está garantido somente até o mês de agosto
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